Prestigie a Mídia Judaica

BB Press, De Olho na Mídia, Dvarim, glorinhacohen.com, Hebraica, Hora Israelita, Jornal Alef, Le Haim, Morashá, Mosaico na TV, netjudaica.com, Nosso Jornal, Notícias da Rua Judaica, Pletz.com, Revista Israel, Revista 18, Revista Judaica, Shalom, Shalom Brasil, Tribuna Judaica, Tropicasher, TV Tova, Visão Judaica, www.chabad.org.br
Documentário inédito: Kristallnacht 70 anos (A Noite das Vidraças Quebradas). produzido pelo Departamento de Comunicação da FIERJ - Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro, fruto de dois anos de pesquisas de imagens e digitalização, reunindo um número sem precedentes de imagens dos dias 9, 10 e 11 de novembro de 1938, mais de10 minutos de fotos e filmes, pemitindo ter uma nova leitura sobre o que aconteceu com nossos irmãos na Alemanha, Áustria e Tchecoslováquia. Em geral tudo o que se encontra sobre a Kristallnacht se resume a uma ou outra foto bem "batida" e algumas linhas de texto e narração, como se fora um episódio menor na história da Shoá, (Holocausto) e não a marca trágica de seu início. Mas aqui, Você verá um grande número de sinagogas atacadas, agora identificadas por nome ou localização, além de imagens impressionantes de milhares de homens judeus presos no dia 10, e a inequívoca primeira página do New York Times do dia 11 mostrando a tragédia em Viena. Uma das nossas características como povo é não permitir o esquecimento.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PAZ AGORA NA FRANÇA

PAZ AGORA NA FRANÇA

Eles não compreendem que a fúria e o ódio suscitados pelas imagens dessas vítimas civis, no mundo e em particular no mundo muçulmano, são muito mais ameaçadoras para a segurança de Israel do que todos os mísseis do Hamas juntos?


Sair do Lodaçal de Gaza

DAVID CHEMLA - La Paix Maintenant 08|01|09

- traduzido por Cláudia Storch para o PAZ AGORA|BR

Israel deveria ter-se lançado nesta guerra? A situação nas cidades do sul do país era impossível de suportar depois que o Hamas pôs fim à trégua. Não acredito que a França teria deixado as cidades da Alsácia serem bombardeadas pela Alemanha ou que os Estados Unidos teriam permitido que o Texas fosse bombardeado pelo México em circunstâncias semelhantes.

Diante da opinião pública israelense, principalmente a poucas semanas das eleições, o governo israelense precisava reagir. É por esta razão que um grande consenso apoiou o início desta guerra. Além de que ela foi sustentada tacitamente pelos países árabes pró-ocidentais, destacando-se o Egito, interessado no enfraquecimento do Hamas que, não esqueçamos, é aliado da Irmandade Muçulmana, inimiga do regime de Mubarak.

Esse consenso começou a ruir com a deflagração da operação terrestre. O debate já dividia o campo da paz, no princípio do conflito, entre a necessidade de reagir aos bombardeios das cidades do sul e o receio de ver Israel cair em uma armadilha análoga àquela de 2006 no Líbano, onde uma relativa vitória militar foi rapidamente transformada em uma derrota política e midiática. Nas guerras assimétricas, como essa conduzida pelos palestinos, a guerra das imagens é mais importante que aquilo que se desenrola em terra. E, qualquer que seja a seqüência dos eventos, desde já Israel perdeu essa guerra. O bloqueio imposto aos jornalistas estrangeiros para entrar em Gaza deixa somente aos jornalistas locais a possibilidade de trabalhar in loco, fazendo com que por vezes sejam misturadas outras imagens às da guerra atual [a “France 2” reconheceu ter utilizado imagens tiradas em 2005 após um "acidente de trabalho palestino", quanto uma explosão causou a morte de civis].

Quatro episódios dramáticos, ocorridos em 5 e 6 de janeiro, ilustram as condições e os limites em que se desenrola a guerra em Gaza, provavelmente impedindo os dirigentes israelenses de alcançar os objetivos políticos e militares que estabeleceram.

O primeiro evento, o mais marcante daquele dia, freqüentemente reprisado pelas mídias, é a morte de cerca de quarenta civis palestinos por um tiro de um tanque israelense, que teria respondido, conforme o EDI a morteiros dsparados pelo Hamas de dentro de uma escola da ONU que abrigava civis. O segundo aconteceu quando um palestino, munido de um cinto de explosivos, jogou-se sobre um soldado ferido em um abraço mortal. O terceiro é a morte por “fogo amigo” de 4 soldados israelenses no curso dos combates. O último, felizmente sem vítimas, produziu-se quando, após ter passado a noite com sua unidade em uma escola abandonada, um soldado descobriu que a construção estava completamente minada e que por milagre nenhum dos soldados presentes havia acionado a carga de dinamite.

Esses quatro exemplos, com diferentes conseqüências dramáticas, são a prova de que não adianta culpar o exército pelo desenrolar dessa operação, mas principalmente o escalão político que lhe confiou essa missão. Segundo os próprios comentaristas militares israelenses, tal como relatam na mídia, a ordem de prioridade que os militares seguem é a seguinte: 1. Proteger os soldados em ação. A experiência da guerra de 2006 mostrou que o apoio da população israelense à política do seu governo é inversamente proporcional ao número de vítimas civis e militares causadas pelo conflito. Além de um certo limiar, a opinião corre o risco de oscilar, impedindo o exército de atingir seus objetivos. 2. Limitar, e se possível fazer cessar, os tiros sobre as cidades israelenses, destruindo os estoques de mísseis armazenados pelo Hamas nos últimos anos, erradicando assim sua força. 3. E somente em terceiro lugar, evitar a perda de civis palestinos. Essa terceira priorização potencialmente se opõe à primeira, como mostrou o bombardeio da escola da ONU.

Duvido que algum outro exército teria ordens de prioridade diferentes. O problema reside na equação impossível que é colocada pelo escalão político. Frente a uma organização preparada para conduzir uma guerra no seio de sua própria população civil, e que se coloca voluntariamente como refém, é impossível conduzir uma guerra limpa. Os estrategistas militares, aliás, integraram esses parâmetros antes de provocar o conflito. Eles estimavam, conforme comentaristas militares, em muitas centenas o número de potenciais vítimas civis palestinas. É isso que cria problemas em uma estatística como essa, ela não existe por si só, mas não constituiu um freio suficiente para repelir a decisão de se lançar nessa operação.

Até onde deve chegar o número de vítimas civis para forçar os dirigentes israelenses a procurar outra forma de resolver esse conflito? Eles não compreendem que a fúria e o ódio suscitados pelas imagens dessas vítimas civis, no mundo e em particular no mundo muçulmano, são muito mais ameaçadoras para a segurança de Israel no longo prazo do que todos os mísseis do Hamas juntos?

É urgente que essa guerra seja cessada hoje, o mais rápido possível. Suas conseqüências são catastróficas no que diz respeito aos interesses vitais dos israelenses e palestinos, em busca de uma solução política para o conflito. Mesmo que a infra-estrutura seja destruída e sua direção política enfraquecida, aos olhos da opinião palestina, o Hamas deve sair fortalecido desse conflito. O testemunho publicado ontem no “le Figaro” de Qadura Fares [1], que entrevistei para o “Bâtisseurs de paix” [2], mostra bem o dilema colocado aos líderes do Fatah que, apesar de se oporem à ideologia do Hamas, hoje devem endurecer seu tom para não perder aquilo que lhe resta de crédito nos territórios palestinos ocupados. Faz parte do interesse estratégico dos israelenses fortalecer a posição da Autoridade Palestina e de seu líder Mahmoud Abbas que, ao lhes oferecer uma solução política efetiva e aplicável, é o seu único parceiro confiável.

Nós apoiamos os esforços da comunidade internacional, e particularmente os empreendidos pela França, para impor rapidamente um cessar-fogo e para que este seja acompanhado de medidas de controle para impedir a continuação do contrabando de armas pela fronteira egípcia. Esse cessar-fogo não poderá perdurar sem que, através do Egito ou qualquer outro intermediário, sejam negociadas com o Hamas, que conduzam num primeiro momento à retomada da trégua e o fim do bloqueio de Gaza.

É com seu inimigo de hoje, o Hamas, que Israel deve negociar esta trégua para encontrar uma solução política a um conflito para o qual todo o mundo concorda não existir solução militar. E se o Hamas ainda se recusar a negociar, ele ficará sozinho, aos olhos do mundo e de seu povo, com toda a responsabilidade.

Devemos também todos cuidar para que este conflito não seja novamente importado para a França.

[1] Qadura Fares, ministro da Autoridade Palestina responsável pelos assuntos de prisioneiros, Qadura Fares, é a Marwan Barghouti

[2] Publicado em 2005 pela Editions Liana Levi

(*) DAVID CHEMLA é presidente dos Amigos do PAZ AGORA na França - La Paix Maintenant -http://www.lapaixmaintenant.org/

© PAZ AGORA|BR

Reprodução permitida com os devidos créditos às fontes, edição e tradução dos

Amigos Brasileiros do PAZ AGORA - www.pazagora.org

» mais DAVID CHEMLA »

Nenhum comentário: